
Estabelecido como feriado no Brasil em 2002 (Lei nº 10.607), o Dia de Finados é celebrado em todo o mundo no 2/11. Contudo, a tradição é antiga e remonta do século X, na Idade Média, como uma forma de homenagear os entes queridos que já morreram. Mas, o crente pode participar desse tipo de comemoração?
Antes, é importante entender a origem dessa data. No ano 998, o monge beneditino Odilo, abade de Cluny, em Borgonha (França), instituiu o 2 de novembro como uma forma de unificar as comemorações aos mortos, como por exemplo, o “Dia de todos os Santos” (1º de novembro). Todos que seguiam a Ordem Beneditina passaram a ter essa obrigatoriedade.
Lembrar e observar o passado é construir um futuro seguro (Pr. Jonatas Melo)
A partir do século XII, a data se popularizou, e em 1915, o papa Bento XV permitiu que os sacerdotes celebrassem missas pelos mortos e, aos poucos, o costume ingressou na liturgia da igreja católica. Hoje, milhares de pessoas aproveitam a data para prestar homenagens aos queridos que já partiram.
E o evangélico pode participar desse tipo de celebração? Na opinião do pastor batista Francisco Veloso, psicanalista e doutor em Dependência Química, a questão é a forma como o crente vê essa data. Para ele, uma coisa é ir ao cemitério matar a saudade de alguém amado que se foi. Outra coisa bem diferente é fazer um culto aos mortos ou “rezar” para os falecidos.
“Você não pode idolatrar o túmulo das pessoas. Mas, pode, sim, visitar e cuidar do túmulo, principalmente, aqueles que são de família e que estão lá naquele lugar há tempos. É uma questão de respeito à memória. Na Bíblia há um exemplo, o de José no Egito, que antes de morrer deixou por escrito dizendo que quando o povo voltasse para sua terra, levasse os seus ossos (Gênesis 50:25). Cuidado e respeito sim, idolatria nunca”, ressalta Veloso.
O pastor assembleiano Israel Carvalho, doutor em teologia, também ratifica essa opinião ao reafirmar que crente não deve celebrar a data como os católicos ou outras religiões. “Somos as pessoas que celebram a vida que é por meio da morte de Cristo na cruz. Ele já passou pela morte e nos mostrou que há vida n’Ele e quem assim crer terá a vida eterna. A recomendação bíblica é para celebrar a vida e não a morte”, ensina o pastor.
Somos as pessoas que celebram a vida que é por meio da morte de Cristo na cruz (Pr. Israel Carvalho)
Já para o pastor Jonatas Melo, ‘lembrar’ e ‘honrar’ quem já morreu é uma forma de dar continuidade geracional de um legado. “Em Israel, por exemplo, é comemorado o ‘Dia da Lembrança’, o Yom Hazikaron, em maio, que é sagrado para os judeus aonde se lembram dos soldados caídos em batalha. Lembrar e observar o passado é construir um futuro seguro”, pondera o pastor.