
O drama é narrado por uma correspondente internacional da Portas Abertas, organização cristã que há mais de 60 anos ajuda cristãos perseguidos em países onde não há liberdade religiosa
A vida de quem ama a Jesus em países muçulmanos, onde prevalece a religião Islâmica, ser cristão é mais do que uma prova de amor e fé a Cristo: é um desafio de vida ou morte. Quem narra o drama é a libanesa Leyla Samar, correspondente internacional da Portas Abertas, organização cristã que há mais de 60 anos ajuda cristãos perseguidos em países onde não há liberdade religiosa.
Ela veio da Síria e chegou ao Brasil na última sexta-feira, 20/10, onde ficará até o dia 5 de novembro dando palestras em várias igrejas no país, relatando o que tem vivido na pele: cristãos monitorados por câmeras dentro da igreja, Bíblias escondidas, cultos secretos.
A correspondente mora há quase 20 anos em regiões de conflitos religiosos, sociais e étnicos, e atua no Departamento de Comunicação no Oriente Médio e Norte da África. “Se descobertos, eles (os cristãos) perdem empregos, são expulsos de casa, da comunidade, mulheres convertidas do islamismo para o cristianismo são expulsas, ficam vulneráveis a tudo e podem até perder a guarda dos filhos”, relata a Samar.
Leyla é a responsável em desenvolver e implementar estratégias de comunicação em áreas de forte influência muçulmana. Ela foi preletora em um painel de discussão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Singapura, em 2015, e na Bond Conference, o maior evento sobre desenvolvimento internacional da Europa, em 2018.
“Dos 50 países da Lista Mundial da Perseguição contra os cristãos, 30 países têm como fonte de perseguição a opressão islâmica. Isso pode ser feito gradualmente por um processo de islamização sistemática (aumentando a pressão) ou repentinamente pelo uso da força militante (violência) ou por ambos. Muitos lugares (cidades e até países inteiros) são governados pela Sharia, conjunto de leis que tem como base as regras do islamismo”, relata a correspondente.
Sobre o uso da tecnologia, e até de Inteligência Artificial para perseguir os cristãos, Samar afirma que a prática tem crescido a cada dia, como na China e no Vietnã, em que os cristãos são monitorados por câmera até mesmo dentro de igrejas autorizadas pelos governos (que autorizam apenas a frequência de cristãos estrangeiros a essas igrejas). “O reconhecimento facial e as câmeras espalhadas por todo o país, com a pretensão de segurança, na verdade monitora atividades cristãs clandestinas, entregas de bíblias e material cristão, reuniões e pequenos grupos, células e igrejas domésticas, entre outros”, pontua.
Cultos secretos – Quando se fala de países absolutamente islâmicos, onde é proibido ter cristãos, falar de Cristo ou até mesmo se declarar cristão, como os Emirados Árabes, Turquia, Irã entre outros, é proibido. “Nesses países os cristãos são secretos, se reúnem secretamente, mantém as bíblias escondidas e não se declaram a ninguém como cristãos. Muitas vezes, nem à própria família. Se descobertos, eles perdem empregos, são expulsos de casa, da comunidade, mulheres convertidas do islamismo para o cristianismo são expulsas, ficam vulneráveis a tudo e podem até perder a guarda dos filhos”, enumera Samar.