Jornalista que noticiou o massacre de cristãos nigerianos será julgado por “cibercrime”

O cristão Luka Binniyat, repórter do Epoch Times, foi falsamente acusado de cyberstalking

Um jornalista que denunciou a negligência do governo da Nigéria diante do massacre aos cristãos no país foi preso e será julgado sob a acusação de “cyberstalking” — ou seja, por usar a tecnologia para perseguir ou ameaçar as autoridades. 

Em um artigo publicado em 29 de outubro de 2021, no jornal Epoch Times, o repórter cristão Luka Binniyat criticou a falta de atitude das autoridades nigerianas usando o título: “Na Nigéria, a polícia condena os massacres como ‘perversos’, mas não fazem prisões”.

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No texto, Binniyat relatou os assassinatos em massa de cristãos em duas aldeias do sul de Kaduna, de autoria de pastores muçulmanos Fulani

O jornalista então fez uma crítica ao Comissário de Segurança Interna e Assuntos Internos do Estado de Kaduna, Samuel Aruwan, que não reconheceu que há uma perseguição religiosa e caracterizou o massacre de cristãos desarmados como um “conflito” entre moradores de aldeias e pastores (agricultores).   

Na época, Binniyat foi preso e, agora, deve ser julgado perante um juiz nigeriano em 6 de setembro por acusações de cyberstalking, ajuda e cumplicidade em crimes cibernéticos. Ele nega todas as acusações.

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Falando à imprensa em agosto, Binniyat disse que temia por sua vida: “Sou claramente um homem marcado pela implicação do meu julgamento e quero que o governo do Estado de Kaduna seja responsabilizado, caso algum dano aconteça a mim”.

O governo quer silenciar os ataques a cristãos

A prisão e o próximo julgamento de Binniyat são uma tentativa de silenciar jornalistas que falam sobre ataques a cristãos na Nigéria, diz Robert Destro, professor de direito da Universidade Católica e ex-secretário de Estado adjunto para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho durante a administração Trump.

“Nenhum político gosta de críticas, mas a maioria entende que o trabalho de um repórter é encontrar os fatos e relatá-los honestamente”, escreveu Destro em um e-mail para a Catholic News Agency. 

Repórteres como Binniyat estão desafiando a narrativa dominante do governo, avalia Destro. 

“Na Nigéria, a ‘narrativa’ oficial é que os massacres de cristãos em suas casas e igrejas são o resultado de ‘confrontos’ entre pastores de gado pacíficos que foram deslocados de suas pastagens pelas mudanças climáticas, e agricultores que não querem que suas fazendas, aldeias e cidades sejam invadidas pelo gado”, disse Destro. 

“A realidade é que cristãos e outros grupos religiosos são atacados, sem provocação ou aviso, por militantes armados que sequestram, estupram, saqueiam e matam. Ao chamar esses ataques de confrontos causados por mudanças climáticas, o governo culpa as vítimas e absolve os agressores, e tem uma desculpa reconhecida internacionalmente para não fazer nada”, acrescentou Destro. 

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