Jordan Peterson usa Bíblia em discurso de formatura: “Fé não é o abandono da razão”

Jordan Peterson. (Foto: Captura de tela/YouTube Jordan B Peterson)

Jordan Peterson, um famoso psicólogo canadense, falou abertamente sobre a fé durante um discurso de formatura, alertando os graduados do Hillsdale College, em Michigan, no último sábado (7), sobre os estragos que o pecado pode causar. 

Batendo de frente com a cultura atual, ele explicou simbolicamente que os formandos estavam no momento da “encruzilhada da vida”. Depois de aplausos prolongados, ele seguiu com seu discurso.

Continua após a publicidade..

“Há uma velha ideia de que você encontra o diabo na encruzilhada e a metáfora funciona porque mostra que é um tempo de decisão. Essa imagem tem um bom ajuste narrativo e fica na memória de quem ouve”, disse ao explicar que quando alguém ‘encontra o diabo’ só pode escolher uma direção ou outra. 

“Por que você encontra o diabo na encruzilhada?”

Ao comparar a formatura como um “marco” na vida das pessoas, o professor de 59 anos destacou que é também um momento de “examinar suas consciências”.

Continua após a publicidade..

“Por que você encontra o diabo na encruzilhada?”, questionou ao esclarecer que sempre chegamos ao lugar da decisão. “Você precisa fazer uma escolha, olhar para cima ou para baixo. E sempre haverá uma tentação querendo forçar você a olhar para baixo”, continuou. 

psicólogo que tem como principal área de estudo a psicologia analítica e particular interesse na crença ideológica, personalidade e psicologia da religião, usou a Bíblia para definir que “pecado é errar o alvo”.

E para exemplificar o que seria “olhar para baixo”, fez referência à história de Caim e Abel. “A oferta de Caim não era o seu melhor. Quando as pessoas fazem sacrifícios insuficientes, elas estão colocando alguém acima de Deus”, explicou. 

‘Pecar é perder o objetivo’

Ao falar com mais profundidade sobre o pecado, Peterson observou que a palavra hebraica  “khata” encontrada em todo o Antigo e Novo Testamento é traduzida como “falhar” ou ainda “perder o objetivo”. 

“Eu amo isso, porque fala do objetivo ou da falta dele. Há várias maneiras de errar o alvo e uma delas é não ter uma mira, ou seja, não ter um objetivo e uma direção. Viver assim é supor que todos os objetivos sejam iguais”, disse. 

“Um dos maiores obstáculos que leva as pessoas a ‘errar o alvo’ é o orgulho”, disse ao se voltar mais uma vez para as Escrituras e se referir à história da Torre de Babel, em Gênesis 11. 

“Os descendentes de Noé foram dominados pelo orgulho e buscaram construir uma estrutura para alcançar os céus, deixando de seguir o mandamento do Senhor que era se multiplicar e encher a terra”, lembrou. 

“Essa tem sido uma tentação contínua para os seres humanos, de construir organizações complexas, que se tornam muito ‘altas’. E o que isso significa? Que nada é suficiente e tudo fica centralizado num único lugar. Não há distribuição”, continuou ao apontar no quanto as pessoas se isolam.

“Lúcifer é esse espírito do intelecto”

Na sequência, o psicólogo lembrou da história luciferiana. “Lúcifer é esse espírito do intelecto — o portador da luz que voou muito alto e desafiou o próprio Deus. Ele caiu”, alertou.

“Ele é o símbolo do intelecto orgulhoso, que se levanta contra as alturas onde Deus está”, disse ainda. 

“Sou muito contrário à ideia de que a motivação humana fundamental é o poder. Isso é o que todo aluno aprende em todos os níveis de sua educação, em todas as instituições educacionais, exceto algumas em seu país”, mencionou.

“Essa é uma filosofia muito sombria. Não poderia haver uma filosofia mais patológica. Isso apaga a sua fé, remove a noção da boa vontade e torna a comunicação impossível”, disse ainda. 

“Não permita que a arrogância perturbe o seu objetivo. Aproxime-se das coisas boas e entenda que a essência do cristianismo é o bem que une todas essas coisas boas, e elas refletem a imagem de Cristo”, reforçou. 

O psicólogo explica que “essa imagem” aceita o sofrimento da vida e tem a necessidade de servir às pessoas. “E esse é o maior chamado. A verdade de Jesus é mais verdadeira do que qualquer outra coisa”, observou.

“A fé é uma forma de coragem”

A mensagem de Peterson, que pode ser considerada como contracultural, inspirou os formandos a se desiludirem da sugestão secular de que ter fé significa abandonar a lógica e a razão.

“O mundo dirá às pessoas que a fé é uma forma de fraqueza porque implica numa falta de vontade de lutar contra o que não pode ser explicado. “É difícil explicar sobre os lugares difíceis e sombrios da vida”, disse.

“Porém, uma das coisas sobre as quais tenho pensado muito em relação à fé, é que as pessoas religiosas são muitas vezes ridicularizadas. É como se a fé significasse o sacrifício da razão”, apontou.

“Eu não acho que fé seja isso, acho que fé é uma forma de coragem. Se você for ferido pela vida — e você será — é compreensível que reaja de forma niilista e sem esperança, mas o que vai te ajudar nisso é a fé”, garantiu.

“E manter essa fé faz parte da bondade fundamental da existência, incluindo a sua própria, apesar das evidências em contrário”, disse ao ressaltar que nas provações não deve haver desespero. 
“Em vez disso, se você está encarando uma encruzilhada difícil, deve erguer-se e acreditar que poderá resistir, seguindo o caminho certo. Será melhor para você e será melhor para as pessoas ao seu redor”, concluiu.

Tags

Compartilher:

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no pinterest
Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Conecte-se conosco

Receba novidades em primeira mão