
A religiosidade do brasileiro é fluida. É isso que mostra um estudo do Instituto Brasilis, que revela o comportamento da população. Quase 33% dos entrevistados afirmaram ter deixado a religião de origem e se converteram a outra.
O teólogo Lourenço Stelio Rega explica que a troca de religião pode ser motivada por diversos fatores, entre os quais está o que se baseia no “paradigma da escolha racional”.
“A pessoa vai procurar a religião ou um “deus” que mais lhe dará recompensas, pelo menor custo possível. É como em uma relação de consumo normal, mas, nesse caso, a busca é por bens religiosos e salvação. A religião ou religiosidade aqui é vista a partir da pessoa e não do transcendente”, explica.
Com esse pensamento, segundo Rega, muitos cristãos buscam bem-estar e o que for mais confortável para eles. “O interesse é conseguir melhores resultados ou recompensas para sua vida. O “deus” que melhor oferta conceder, em geral, é o escolhido. Se em uma religião a pessoa já não consegue obter os resultados desejados, busca outra religião, outra experiência. É assim que se dá o trânsito religioso”, esclarece o teólogo.
O pastor José Ernesto Conti, da Igreja Presbiteriana Água Viva, em Vitória (ES), ressalta que o ser humano é um ser religioso por natureza, por ter sido criado por Deus, e que há dentro de cada um o desejo real de encontrar-se com a divindade.
“A religião é essa busca do homem para encontrar Deus. Nem todas as religiões, entretanto, oferecem essa possibilidade ou muitas delas tornam essa meta de chegar a Deus muito mais difícil ou quase impossível. No espiritismo, semelhante a algumas religiões orientais como o hinduísmo e o budismo, por exemplo, prega-se que só conseguimos chegar a Deus depois de várias encarnações, que levam centenas e talvez milhares de anos. Mas, como o objetivo da humanidade é chegar a Deus, muitos estão dispostos a pagar o preço de chegar ao céu”, diz.